quarta-feira, 25 de maio de 2011

Transtornos Mentais sob a visão Espírita

Transtornos Mentais
O Livro dos Espíritos - a obra base da codificação - quando trata do idiotismo e do transtorno mental ( questões de nº 371 a 378 ) nos ensina que os que habitam corpos que carregam tais afecções “ são Espíritos sujeitos a uma punição. Sofrem por efeito do constrangimento que experimentam e da impossibilidade em que estão de se manifestarem mediante órgãos não desenvolvidos ou desmantelados. Trata-se da conhecida Lei de Causa e Efeito, que, nestes casos, atinge principalmente, os que, em outras vidas, cometeram o suicídio ou abusaram da própria inteligência e do poder, em desfavor do próximo ou da sociedade.
Ao esclarecer, sobre a mútua influência entre espírito e matéria, na pergunta 375(a), os Espíritos asseveram, respondendo a questão: - Então o desorganizado é sempre o corpo e não o Espírito? "Exatamente; mas convém não perder de vista que, assim como o Espírito atua sobre a matéria, também esta reage sobre ele, dentro de certos limites..."
Allan Kardec, por sua vez, ao comentar a questão 372(a), em que os Espíritos respondem ter os órgãos do corpo grande influência sobre a manifestação das faculdades do espírito esclarece: "Importa se distinga o estado normal do estado patológico. No primeiro, o moral vence os obstáculos que a matéria lhe opõe. Há, porém, casos em que a matéria oferece tal resistência que as manifestações anímicas ficam obstadas ou desnaturadas, como nos de idiotismo e de loucura."
Grande relevância adquire a simples, mas lúcida observação de Allan Kardec: "Importa se distinga o estado normal do estado patológico". Se em sua época ( 1857) as manifestações patológicas da mente humana só eram reconhecidas quando atingiam estados extremos de alienação mental ( psicose nos dias de hoje ), atualmente reconhece-se todo um espectro cinza dos que não tendo chegado a tais extremos, mesmo assim padecem, por deficiências menores do funcionamento cerebral, e que se enquadram em categorias psicopatológicas numerosas.Inobstante, o raciocínio e a elucidação dos Espíritos sobre a interação espírito-matéria permanecem válidos e atuais.
A psicopatologia não é uma questão de tudo ou nada, de branco ou preto, mas toda uma sequência de mudanças que vão do cinza escuro ao cinza mais claro. E as possibilidades de domínio do Espírito sobre a matéria transitam nesta escala de maior ou menor resistência da matéria, dispondo ele também de maior ou menor força moral, segundo sua posição evolutiva.
São muitas vezes adquiridas, inadvertidamente, nesta vida mesmo, pela demasiada exposição aos agentes estressores do ambiente que atingem a vida psíquica, como os eventos traumáticos repetidos, grandes ou pequenos, os excessos ou condições adversas de trabalho e as relações afetivas conflitantes, etc.
É o caso das depressões de todo jaez, dos demais transtornos de humor, dos transtornos fóbico-ansiosos e dos demais relacionados ao estresse e os somatoformes, etc. Estes estados patológicos ensejam, pelo desgaste orgânico, obsessões que chamaríamos de oportunísticas, evidenciando quadros complexos que desafiam terapêuticas convencionais de abordagem parcial.
O Espiritismo abre vasto campo de estudo das patologias mentais quando mostra as inúmeras possibilidades do mundo espiritual influenciar os encarnados. As influênciações espiríticas circunstânciais e eventuais são de ocorrência corriqueira e naturais, pois se radicam, segundo nos informa André Luíz (Evolução em Dois Mundos, páginas 104 a 109) na nossa aquisição evolutiva do pensamento ininterrupto, dando início aos processos de "mentossíntese", operações "baseadas na troca de fluidos mentais multiformes, através dos quais [o princípio inteligente] emite as próprias idéias e radiações, assimilando as radiações e idéias alheias."
Entretanto, tais trocas de radiação e idéias assumem caráter patológico no momento em que se estabelecem processos simbióticos mentais de característica exclusivista e de complementação patológica. Tornam-se naquilo que Allan kardec designou e classificou como "obsessões simples, fascinação e subjugação" André Luiz e os outros espíritos descrevem os incontáveis tipos de influências mentais propriamente obsessivas, entre desencarnados e encarnados, e daqueles e destes entre si, ensejando uma classificação que excede uma dezena de tipos fenômenológicos. Estes processos obsessivos são facilitados e potencializados por quaisquer diáteses ou desarranjos de funções cerebrais de origem exclusivamente orgânica ou psíquica.
Pelo exposto, dificilmente encontrar-se-ão quadros psicopatológicos puros, isto é, de origem exclusivamente orgânica ou psicológica ou espiritual.
De qualquer forma, tais patologias carecem, paralelamente às abordagens médica e psicológica, do tratamento espiritual e da imprescindível reforma íntima, condições indispensáveis para a aquisição e fortalecimento dos dispositivos pessoais de autodefesa psíquica.
Autor: Dr. Luiz Antônio de Paiva
Médico Psiquiatra, Psicoterapeuta, Professor Supervisor da FEBRA, Presidente da OMNI e Secretário da A.M.E.- GO.

Nenhum comentário:

Postar um comentário