quarta-feira, 25 de maio de 2011

Transtornos Mentais sob a visão Espírita

Transtornos Mentais
O Livro dos Espíritos - a obra base da codificação - quando trata do idiotismo e do transtorno mental ( questões de nº 371 a 378 ) nos ensina que os que habitam corpos que carregam tais afecções “ são Espíritos sujeitos a uma punição. Sofrem por efeito do constrangimento que experimentam e da impossibilidade em que estão de se manifestarem mediante órgãos não desenvolvidos ou desmantelados. Trata-se da conhecida Lei de Causa e Efeito, que, nestes casos, atinge principalmente, os que, em outras vidas, cometeram o suicídio ou abusaram da própria inteligência e do poder, em desfavor do próximo ou da sociedade.
Ao esclarecer, sobre a mútua influência entre espírito e matéria, na pergunta 375(a), os Espíritos asseveram, respondendo a questão: - Então o desorganizado é sempre o corpo e não o Espírito? "Exatamente; mas convém não perder de vista que, assim como o Espírito atua sobre a matéria, também esta reage sobre ele, dentro de certos limites..."
Allan Kardec, por sua vez, ao comentar a questão 372(a), em que os Espíritos respondem ter os órgãos do corpo grande influência sobre a manifestação das faculdades do espírito esclarece: "Importa se distinga o estado normal do estado patológico. No primeiro, o moral vence os obstáculos que a matéria lhe opõe. Há, porém, casos em que a matéria oferece tal resistência que as manifestações anímicas ficam obstadas ou desnaturadas, como nos de idiotismo e de loucura."
Grande relevância adquire a simples, mas lúcida observação de Allan Kardec: "Importa se distinga o estado normal do estado patológico". Se em sua época ( 1857) as manifestações patológicas da mente humana só eram reconhecidas quando atingiam estados extremos de alienação mental ( psicose nos dias de hoje ), atualmente reconhece-se todo um espectro cinza dos que não tendo chegado a tais extremos, mesmo assim padecem, por deficiências menores do funcionamento cerebral, e que se enquadram em categorias psicopatológicas numerosas.Inobstante, o raciocínio e a elucidação dos Espíritos sobre a interação espírito-matéria permanecem válidos e atuais.
A psicopatologia não é uma questão de tudo ou nada, de branco ou preto, mas toda uma sequência de mudanças que vão do cinza escuro ao cinza mais claro. E as possibilidades de domínio do Espírito sobre a matéria transitam nesta escala de maior ou menor resistência da matéria, dispondo ele também de maior ou menor força moral, segundo sua posição evolutiva.
São muitas vezes adquiridas, inadvertidamente, nesta vida mesmo, pela demasiada exposição aos agentes estressores do ambiente que atingem a vida psíquica, como os eventos traumáticos repetidos, grandes ou pequenos, os excessos ou condições adversas de trabalho e as relações afetivas conflitantes, etc.
É o caso das depressões de todo jaez, dos demais transtornos de humor, dos transtornos fóbico-ansiosos e dos demais relacionados ao estresse e os somatoformes, etc. Estes estados patológicos ensejam, pelo desgaste orgânico, obsessões que chamaríamos de oportunísticas, evidenciando quadros complexos que desafiam terapêuticas convencionais de abordagem parcial.
O Espiritismo abre vasto campo de estudo das patologias mentais quando mostra as inúmeras possibilidades do mundo espiritual influenciar os encarnados. As influênciações espiríticas circunstânciais e eventuais são de ocorrência corriqueira e naturais, pois se radicam, segundo nos informa André Luíz (Evolução em Dois Mundos, páginas 104 a 109) na nossa aquisição evolutiva do pensamento ininterrupto, dando início aos processos de "mentossíntese", operações "baseadas na troca de fluidos mentais multiformes, através dos quais [o princípio inteligente] emite as próprias idéias e radiações, assimilando as radiações e idéias alheias."
Entretanto, tais trocas de radiação e idéias assumem caráter patológico no momento em que se estabelecem processos simbióticos mentais de característica exclusivista e de complementação patológica. Tornam-se naquilo que Allan kardec designou e classificou como "obsessões simples, fascinação e subjugação" André Luiz e os outros espíritos descrevem os incontáveis tipos de influências mentais propriamente obsessivas, entre desencarnados e encarnados, e daqueles e destes entre si, ensejando uma classificação que excede uma dezena de tipos fenômenológicos. Estes processos obsessivos são facilitados e potencializados por quaisquer diáteses ou desarranjos de funções cerebrais de origem exclusivamente orgânica ou psíquica.
Pelo exposto, dificilmente encontrar-se-ão quadros psicopatológicos puros, isto é, de origem exclusivamente orgânica ou psicológica ou espiritual.
De qualquer forma, tais patologias carecem, paralelamente às abordagens médica e psicológica, do tratamento espiritual e da imprescindível reforma íntima, condições indispensáveis para a aquisição e fortalecimento dos dispositivos pessoais de autodefesa psíquica.
Autor: Dr. Luiz Antônio de Paiva
Médico Psiquiatra, Psicoterapeuta, Professor Supervisor da FEBRA, Presidente da OMNI e Secretário da A.M.E.- GO.

"Psicoterapia Reencarnacionista é uma realidade estabelecida"

Essa terapia já mostrou que não é um modismo, está estabelecida, sendo praticada por muitos médicos, psicólogos e psicoterapeutas no Brasil e em vários países, como se pode observar na literatura, na Internet e nos Congressos e Eventos nacionais e internacionais de TVP.
A nossa preocupação, que vem de encontro à maior contestação que essa Terapia de Vidas Passadas recebe de dirigentes e pessoas ligadas ao Espiritismo, com absoluta razão, diz respeito à interferência e à infração que a maioria dos terapeutas de regressão comete em relação a uma Lei Divina: a Lei do Esquecimento.
O Método que utilizamos permite conciliar a Terapia de Regressão com a Lei do Esquecimento e, nesse sentido, queremos estabelecer uma integração com Casas Espíritas e desenvolvermos um amplo debate entre o Espiritismo – e uma de suas bandeiras que é o respeito à Lei do Esquecimento - e os profissionais da área da saúde, praticantes, ministrantes de Curso de TVP, diretores e membros de Associações e Institutos de Terapia de Regressão, a respeito desse tema.
Nós, da Associação Brasileira de Psicoterapia Reencarnacionista temos, como uma de nossas principais diretrizes, um absoluto respeito pela Lei do Esquecimento, ou seja, realizamos Regressões obedecendo a Lei do Esquecimento, eis que o nosso Método regressivo consta de dois aspectos básicos:
1º) O direcionamento, a condução, da Regressão é totalmente comandada pelos Mentores Espirituais das pessoas, sendo que o nosso psicoterapeuta não induz, não sugere nem sugestiona, não hipnotiza, não comanda e não conduz o processo regressivo, e, sim, ajuda a pessoa a relaxar o seu corpo físico e elevar a sua freqüência, para colocar-se ao acesso dos seus Mentores Espirituais, sem dirigir o retorno da memória, sem decidir o que o paciente vai acessar e sem atender aos desejos e anseios deste em relação ao seu passado. A atuação do psicoterapeuta, no nosso Método, é na fase inicial do relaxamento e elevação da freqüência, enquanto que a(s) vida(s) passada(s) que o paciente vai acessar fica(m) totalmente a critério do Mundo Espiritual.
2º) Nunca é incentivado o reconhecimento de pessoas no passado, para não infringir a Lei do Esquecimento.

O objetivo da Psicoterapia Reencarnacionista - a Terapia da Reforma Íntima – é ajudar os pacientes, através de consultas semanais ou quinzenais, de 1 hora de duração, e através das sessões de regressão (2 horas em média), a encontrarem o que André Luiz chama de “Personalidade Congênita”, em Obreiros da Vida Eterna, pág. 32-34, numa palestra do Dr. Barcelos, psiquiatra desencarnado, no Nosso Lar:

“Precisamos divulgar no mundo o conceito moralizador da Personalidade Congênita, em processo de melhoria gradativa... Faltam às teorias de Sigmund Freud e seus continuadores a noção dos princípios reencarnacionistas... As noções reencarnacionistas renovarão a paisagem da vida na crosta da Terra, conferindo à criatura não somente as armas com que deve guerrear os estados inferiores de si própria, mas também lhe fornecendo o remédio eficiente e salutar... Falta aos nossos companheiros de Humanidade o conhecimento da transitoriedade do corpo físico e o da eternidade da vida, do débito contraído e do resgate necessário, em experiências e recapitulações diversas...”.

Essa noção da Personalidade Congênita que o Dr. Barcelos pede que se divulgue pela crosta terrestre, é a nossa personalidade das vidas passadas nesses últimos séculos, é a personalidade que apresentamos desde que nascemos, o que diferencia um irmão de outro, numa mesma família, e é onde se encontra e se identifica a nossa proposta de Reforma Íntima. Por isso ele pede, e nós estamos seguindo a sua orientação, que essa noção seja difundida na Terra, para que todas as pessoas saibam para o que reencarnaram, baseando-se nela. Essa é o pilar básico da Psicoterapia Reencarnacionista e é onde encontramos nossa proposta de Reforma Íntima, a finalidade dessa nova Escola.

Mas como podemos ajudar os pacientes a encontrarem a sua Personalidade Congênita? Através das 2 ou 3 sessões de regressão que oportunizamos durante o tratamento, em que os seus Mentores escolhem as vidas passadas que ele vai acessar. Como se fosse no Telão que existe no Mundo Espiritual, comandado pelos Mentores das pessoas, aqui na Terra temos a Regressão, que deve ser, obrigatoriamente, também comandada por eles. A finalidade principal da Regressão, para a Psicoterapia Reencarnacionista, é oportunizar que o paciente possa ver, na sua tela mental, como era nas vidas passadas que lhe for permitido acessar pelo Mundo Espiritual, para se comparar como é hoje, e saber então quais as suas inferioridades, as suas imperfeições, e entender para o que vem reencarnando nesses últimos séculos e para o que reencarnou dessa vez, ou seja, qual a sua proposta de Reforma Íntima. O que diferencia a Psicoterapia Reencarnacionista da TVP é que, para essa, a única finalidade é o desligamento das pessoas de situações traumáticas do seu passado, enquanto para nós, além disso, queremos que encontrem a sua Personalidade Congênita e aí o entendimento de sua proposta de Reforma Íntima.

A Psicoterapia Reencarnacionista é uma nova Psicologia, baseada na Reencarnação, que tem a finalidade de colaborar na aceleração da evolução espiritual da humanidade. No período intervidas, recordamos para o que havíamos reencarnado na última descida para a Terra e as frases mais ouvidas lá são: “Ah, se eu lembrasse...” e “Ah, se eu soubesse...”. Pois bem, é chegada a hora de lembrarmos aqui, de sabermos aqui, durante a vida encarnada, para o que reencarnamos, qual nossa proposta de Reforma Íntima, a fim de realmente aproveitarmos essa passagem, no sentido da evolução espiritual.

É importante salientar que as situações kármicas interpessoais, o que houve entre pais e filhos, entre irmãos, etc., em outras vidas, não é mostrado pelos Mentores no Método ABPR de Regressão, ou seja, as curiosidades das pessoas em saberem o que foram, quem elas e o pai, a mãe, o namorado, a namorada, o marido, a esposa ou algum filho foram em vidas passadas, não é atendido pelos seus Mentores, que focam na sua Personalidade Congênita, ou seja, as pessoas vêm como foram nas vidas passadas que acessam, de acordo com a orientação do Dr. Barcelos.

Mauro Kwitko – presidente da ABPR

terça-feira, 24 de maio de 2011

PSICOTERAPIA REENCARNACIONISTA E REGRESSÃO TERAPÊUTICA

A Psicoterapia Reencarnacionista é uma criação do Mundo Espiritual, é uma Terapia similar à realizada no período inter-vidas, e é endereçada às pessoas que acreditam na Reencarnação, que querem saber para o que reencarnaram e desejam realmente aproveitar essa atual encarnação, no sentido da sua Reforma Íntima. Ela traz para a Psicologia e para a Psiquiatria uma enorme possibilidade de expansão. Com a Reencarnação, a infância deixa de ser considerada o início da vida e passa a ser vista como a continuação da encarnação anterior; a nossa família não é mais um conjunto de pessoas que se uniram ao acaso por laços afetivos e, sim, um agrupamento de Espíritos unidos por laços Kármicas; as situações que vamos encontrando no decorrer da vida não são aleatórias e, sim, reflexos, conseqüências, decorrências de nossos atos passados, e necessidades para nosso projeto evolutivo espiritual. A nossa infância foi a que Deus quis para nós, em nosso benefício, e a nossa família, pai, mãe, etc., são o que nos deu para aprendermos lições, resgatarmos conflitos, saldarmos dívidas antigas com eles ou para sermos perdoados por Ele, dependendo da nossa capacidade de não nos magoar-mos, não sentirmos raiva.

O tratamento com Psicoterapia Reencarnacionista consiste de:

1) consultas e

2) sessões de regressão.

As consultas podem ser semanais, a cada 10 dias, quinzenais (as pessoas do interior do estado podem fazer consultas mensais) e até mesmo mensais, com duração de 1 hora, no mínimo. Nessas conversas, o psicoterapeuta reencarnacionista buscará auxiliar a pessoa a saber para o que reencarnou, qual sua Missão pessoal, sua proposta de Reforma Íntima, ou seja, realmente aproveitar essa encarnação no sentido da transformação pessoal, a sua busca de mais evolução espiritual. A noção de Personalidade Congênita (nós somos como somos porque nascemos assim) é fundamental para alcançar-se esse objetivo. É realizada uma releitura da infância da pessoa sob a ótica reencarnacionista, são analisados as armadilhas e os gatilhos terrenos, todo o contexto de sua vida, do ponto de vista pessoal, profissional, afetivo e espiritual. O foco é sempre o aproveitamento espiritual dessa encarnação.

As regressões, geralmente 3 ou 4 sessões, têm a duração média de 2 horas, no mínimo, e são realizadas pelo Mundo Espiritual, com o terapeuta colocando-se como um auxiliar no processo. É realizado um relaxamento do corpo físico e uma expansão da Consciência, para que, através dessa elevação da freqüência, a pessoa aproxime-se de seu Eu Superior e dos seus Mentores Espirituais e acesse as situações de encarnações passadas, onde ainda está sintonizada. O método regressivo da ABPR concilia Terapia de Regressão e a Lei do Esquecimento, pois a regressão é conduzida pelo Mundo Espiritual e nunca é incentivado o reconhecimento de pessoas no passado, por ser isso uma grave infração às Leis Kármicas.

São dois os benefícios das regressões:

1. Desligamento do passado: é realizado pela recordação da situação na encarnação que está ainda sintonizado, até o final daquela vida até o acesso ao Plano Astral. O final da regressão ocorre quando a pessoa já está no Mundo Espiritual sentindo-se muito bem, quando todas as ressonâncias da vida que encerrou já desapareceram, seja do ponto de vista físico ou psicológico.

2. Conscientização: para que possamos saber para o que reencarnamos, a nossa proposta de Reforma Íntima, é necessário sabermos COMO fomos em nossas encarnações passadas nesses últimos séculos, para compararmo-nos COMO somos hoje e sabermos o que devemos melhorar em, nós. A finalidade é conhecer nossa Personalidade Congênita, nosso padrão comportamental, e entendermos então qual é a nossa proposta de Reforma Íntima.

A duração de um tratamento com a Psicoterapia Reencarnacionista é de cerca de 4 a 6 meses, ou seja, é uma Terapia breve, devido ao caráter profundo de sua metodologia. É a continuação do trabalho do Dr. Freud de investigação e cura do Inconsciente, mas diferentemente dos tratamentos apenas com a Terapia de Regressão, em que é focado basicamente o desligamento do passado (para curar fobias, pânico, depressões severas, dores, etc.) a Psicoterapia Reencarnacionista também utiliza as regressões para isso, mas quer ir mais além: ajudar as pessoas a acessarem encarnações passadas para encontrar a sua Personalidade Congênita, saberem qual sua proposta de Reforma Íntima e a realmente aproveitarem essa encarnação.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A saúde e as emoções

A saúde e as emoções

Qual adoece primeiro: o corpo ou a alma?A alma não pode adoecer, porque é o que há de perfeito em ti, a alma evolui, aprende. Na realidade, boa parte das enfermidades são exatamente o contrário: são a resistência do corpo emocional e mental à alma. Quando nossa personalidade resiste aos desígnios da alma, adoecemos.

A Saúde e as Emoções.
Há emoções prejudiciais à saúde? Quais são as que mais nos prejudicam?70 por cento das enfermidades do ser humano vêm do campo da consciência emocional. As doenças muitas vezes procedem de emoções não processadas, não expressadas, reprimidas. O medo, que é a ausência de amor, é a grande enfermidade, o denominador comum de boa parte das enfermidades que temos hoje. Quando o temor se congela, afeta os rins, as glândulas suprarrenais, os ossos, a energia vital e pode converter-se em pânico.

Então nos fazemos de fortes e descuidamos de nossa saúde?De heróis os cemitérios estão cheios. Tens que cuidar de ti. Tens teus  limites, não vás além. Tens que reconhecer quais são os teus limites e superá-los, pois, se não os reconheceres, vais destruir teu corpo.

Como é que a raiva nos afeta?A raiva é santa, é sagrada, é uma emoção positiva, porque te leva à autoafirmação, à busca do teu território, a defender o que é teu, o que é justo. Porém, quando a raiva se torna irritabilidade, agressividade, ressentimento, ódio, ela se volta contra ti e afeta o fígado, a digestão, o sistema imunológico.

Então a alegria, ao contrário, nos ajuda a permanecer saudáveis?A alegria é a mais bela das emoções, porque é a emoção da inocência, do coração e é a mais curativa de todas, porque não é contrária a nenhuma outra. Um pouquinho de tristeza com alegria escreve poemas. A alegria com medo leva-nos a contextualizar o medo e a não lhe darmos tanta importância.

A alegria acalma os ânimos?Sim, a alegria suaviza todas as outras emoções, porque nos permite processá-las a partir da inocência. A alegria põe as outras emoções em contato com o coração e dá-lhes um sentido ascendente. Canaliza-as para que  cheguem ao mundo da mente.

E a tristeza?A tristeza é um sentimento que pode te levar à depressão quando te deixas envolver por ela e não a expressas, porém ela também pode te ajudar. A tristeza te leva a contatares contigo mesmo e a restaurares o controle interno. Todas as emoções negativas têm seu próprio aspecto positivo.Tornamo-las negativas quando as reprimimos.

Convém aceitarmos essas emoções que consideramos negativas como parte de nós mesmos?Como parte para transformá-las, ou seja, quando se aceitam, fluem, e já não se estancam e podem se transmutar. Temos de as canalizar para que cheguem à cabeça a partir do coração. Que difícil! Sim, é muito difícil! Realmente as emoções básica são o amor e o medo (que é ausência de amor), de modo que tudo que existe é amor, por excesso ou deficiência. Construtivo ou destrutivo. Porque também existe o amor que se aferra, o amor que superprotege, o amor tóxico, destrutivo.

Como prevenir a enfermidade?Somos criadores, portanto creio que a melhor forma é criarmos saúde. E, se criarmos saúde, não teremos que prevenir nem combater a enfermidade, porque seremos saúde.

E se aparecer a doença?Teremos, pois, de aceitá-la, porque somos humanos. Krishnamurti também adoeceu de um câncer de pâncreas e ele não era  alguém que levasse uma vida desregrada. Muita gente espiritualmente muito valiosa já adoeceu. Devemos explicar isso para aqueles que creem que adoecer é fracassar.
O fracasso e o êxito são dois mestres e nada mais. E, quando tu és o aprendiz, tens que aceitar e incorporar a lição da enfermidade em tua vida.. Cada vez mais as pessoas sofrem de ansiedade. A ansiedade é um sentimento de vazio, que às vezes se torna um oco no estômago, uma sensação de falta de ar. É um vazio existencial que surge quando buscamos fora em vez de buscarmos dentro. Surge quando buscamos nos acontecimentos externos, quando buscamos muleta, apoios externos, quando não temos a solidez da busca interior. Se não aceitarmos a solidão e não nos tornarmos nossa própria companhia, sentiremos esse vazio e tentaremos preenchê-lo com coisas e posses. Porém, como não pode ser preenchido de coisas, cada vez mais o vazio aumenta.

Então, o que podemos fazer para nos libertarmos dessa angústia?Não podemos fazer passar a angústia comendo chocolate ou com mais calorias,ou buscando um príncipe fora. Só passa a angústia quando entras em teu interior, te aceitas como és e te reconcilias contigo mesmo. A angústia vem de que não somos o que queremos ser, muito menos o que somos, de modo que ficamos no "deveria ser", e não somos nem uma coisa nem outra. O stress é outro dos males de nossa época. O stress vem da competitividade, de que quero ser perfeito, quero ser melhor, quero ter uma aparência que não é minha, quero imitar. E realmente só podes competir  quando decides ser um competidor de ti mesmo, ou seja, quando queres ser único, original, autêntico e não uma fotocópia de ninguém. O stress destrutivo prejudica o sistema imunológico. Porém, um bom stress é uma maravilha, porque te permite estar alerta e desperto nas crises e poder aproveitá-las como oportunidades para emergir a um novo nível de consciência.

O que nos recomendaria para nos sentirmos melhor com nós mesmos?A solidão. Estar consigo mesmo todos os dias é maravilhoso. Passar 20 minutos consigo mesmo é o começo da meditação, é estender uma ponte para a verdadeira saúde, é aceder o altar interior, o ser interior. Minha recomendação é que a gente ponha o relógio para despertar 20 minutos antes, para não tomar o tempo de nossas ocupações. Se dedicares, não o tempo que te sobra, mas esses primeiros minutos da manhã, quando estás rejuvenescido e descansado, para meditar, essa pausa vai te recarregar, porque na pausa habita o potencial da alma.

O que é para você a felicidade?É a essência da vida. É o próprio sentido da vida. Estamos aqui para sermos felizes, não para outra coisa. Porém, felicidade não é prazer, é integridade. Quando todos os sentidos se consagram ao ser, podemos ser felizes. Somos felizes quando cremos em nós mesmos, quando confiamos em nós, quando nos empenhamos transpessoalmente a um nível que transcende o pequeno eu ou o pequeno ego. Somos felizes quando temos um sentido que vai mais além da vida cotidiana, quando não adiamos a vida, quando não nos alienamos de nós mesmos, quando estamos em paz e a salvo com a vida e com nossa consciência. Viver o Presente.

É importante viver no presente? Como conseguir?Deixamos ir-se o passado e não hipotecamos a vida às expectativas do futuro quando nos ancoramos no ser e não no ter, ou a algo ou alguém fora. Eu digo que a felicidade tem a ver com a realização, e esta com a capacidade de habitarmos a realidade. E viver em realidade é sairmos do mundo da confusão.

Na sua opinião, estamos tão confusos assim?Temos três ilusões enormes que nos confundem:
Primeiro: cremos que somos um corpo e não uma alma, quando o corpo é o instrumento da vida e se acaba com a morte.
Segundo: cremos que o sentido da vida é o prazer, porém com mais prazer não há mais felicidade, senão mais dependência.. Prazer e felicidade não são o mesmo. Há que se consagrar o prazer à vida e não a vida ao prazer.
Terceiro: ilusão é o poder; desejamos o poder infinito de viver no mundo. E do que realmente necessitamos para viver? Será de amor, por acaso?
O amor, tão trazido e tão levado e tão caluniado, é uma força renovadora. O amor é magnífico porque cria coesão. No amor tudo está vivo, como um rio que se renova a si mesmo. No amor a gente sempre pode renovar-se, porque ordena tudo. No amor não há usurpação, não há transferência, não há medo, não há ressentimento, porque quando tu te ordenas, porque vives o amor, cada coisa ocupa o seu lugar, e então se restaura a harmonia. Agora, pela perspectiva humana, nós o assimilamos com a fraqueza, porém o amor não é fraco.
Enfraquece-nos quando entendemos que alguém a quem amamos não nos ama. Há uma grande confusão na nossa cultura. Cremos que sofremos por amor, porém não é por amor, é por paixão, que é uma variação do apego. O que habitualmente chamamos de amor é uma droga. Tal qual se depende da cocaína, da maconha ou da morfina, também se depende da paixão. É uma muleta para apoiar-se, em vez de levar alguém no meu coração para libertá-lo e libertar-me. O verdadeiro amor tem uma essência fundamental que é a liberdade, e sempre conduz à liberdade. Mas às vezes nos sentimos atados a um amor. Se o amor conduz à dependência é Eros. Eros é um fósforo, e quando o acendes ele se consome rapidamente em dois minutos e já te queima o dedo.Há amores que são assim, pura chispa. Embora essa chispa possa servir para acender a lenha do verdadeiro amor. Quando a lenha está acesa, produz fogo. Esse é o amor impessoal, que produz luz e calor.

Pode nos dar algum conselho para alcançarmos o amor verdadeiro?Somente a verdade. Confia na verdade; não tens que ser como a princesa dos sonhos do outro, não tens que ser nem mais nem menos do que és. Tens um direito sagrado, que é o direito de errar; tens outro, que é o direito de perdoar, porque o erro é teu mestre. Ama-te, sê sincero contigo mesmo e leva-te em consideração. Se tu não te queres, não vais encontrar ninguém que possa te querer. Amor produz amor. Se te amas, vais encontrar amor. Se não, vazio. Porém nunca busques migalhas, isso é indigno de ti. A chave então é amar-se a si mesmo. E ao próximo como a ti mesmo. Se não te amas a ti, não amas a Deus, nem a teu filho, porque estás apenas te apegando, estás condicionando o outro. Aceita-te como és; não podemos transformar o que não aceitamos, e a vida é uma corrente permanente de transformações. 
Entrevista com o Dr. Jorge Carvajal, médico cirurgião da Universidade de Andaluzia, Espanha, pioneiro da Medicina Bioenergética.
10 de março de 2009.